Bebês Reborn: A Controvérsia por Trás das Bonecas Hiper-realistas

Você já ouviu falar dos bebês reborn? Essas bonecas hiper-realistas, que imitam recém-nascidos com detalhes impressionantes, estão no centro de uma polêmica que mistura emoção, saúde mental e debates legislativos no Brasil. De um lado, há quem veja os reborns como uma forma de conforto ou expressão artística; de outro, casos de uso indevido em serviços públicos e questões psicológicas levantam alertas. Vamos explorar o que está por trás dessa febre cultural e por que ela chegou aos corredores do Congresso Nacional.

Neste artigo, mergulhamos na origem dos bebês reborn, suas aplicações terapêuticas, os desafios que representam para o sistema de saúde e as propostas legislativas que buscam regulamentar o fenômeno. Se você já se perguntou por que essas bonecas geram tanto debate, vem com a gente!

O Que São Bebês Reborn?

Bebês reborn são bonecas artesanais desenhadas para se assemelhar a recém-nascidos com um realismo surpreendente. Feitas de silicone ou vinil, elas apresentam detalhes como veias visíveis, textura de pele, dobrinhas, cílios implantados fio a fio e até peso similar ao de um bebê real. O termo “reborn” (renascido, em inglês) reflete o processo meticuloso de criação, realizado por artesãs conhecidas como “cegonhas”.

Inicialmente, essas bonecas eram colecionáveis, destinadas a entusiastas da arte ou pessoas em busca de objetos únicos. Com o tempo, ganharam popularidade entre adultos que as tratam como filhos, simulando rotinas de cuidados, como trocar fraldas, dar mamadeira ou levar para “passear”. Celebridades como Britney Spears e o padre Fábio de Melo já compartilharam sua admiração por essas criações, ampliando sua visibilidade.

Boneca reborn em carrinho de bebê

Um Fenômeno Cultural nas Redes Sociais

A explosão dos bebês reborn no Brasil coincide com o boom de vídeos virais no TikTok e Instagram. Influenciadores compartilham rotinas detalhadas com seus “filhos” reborn, desde simulações de parto até ensaios fotográficos e encontros de “mães reborn”. Um exemplo marcante foi o vídeo de 2022 da influenciadora Sweet Carol, que simulou o nascimento de uma boneca e gerou milhões de visualizações, além de críticas e memes.

Eventos como o encontro de “mães e bebês reborn” no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, em abril de 2025, mostram a força dessa comunidade. No entanto, a linha entre afeto simbólico e perda de contato com a realidade preocupa especialistas. Psicólogos alertam que, em casos extremos, o apego excessivo pode indicar questões emocionais não resolvidas, como luto perinatal ou depressão.

Usos Terapêuticos e Controvérsias

Os bebês reborn têm um lado positivo: são usados em terapias para ajudar pessoas que sofreram perdas gestacionais ou enfrentam dificuldades para ter filhos. A interação com essas bonecas pode oferecer conforto emocional, funcionando como uma ferramenta para processar o luto. Hospitais em alguns países, como os Estados Unidos, utilizam bonecas similares em programas de apoio a mães enlutadas.

Por outro lado, o uso indiscriminado levanta questões. Há relatos de pessoas tentando registrar bonecas com nomes fictícios, realizar batismos simbólicos ou até disputar a “guarda” judicialmente em casos de separação. Um caso curioso em Goiânia envolveu um casal que brigou na Justiça pelo controle de um perfil de Instagram de uma bebê reborn, usado como fonte de renda. Esses episódios mostram como o apego pode ultrapassar os limites do simbólico.

Impactos no Sistema de Saúde Pública

Um dos aspectos mais polêmicos é a tentativa de acessar serviços públicos com bebês reborn. Em Minas Gerais, uma jovem de 17 anos viralizou ao levar sua boneca a um hospital, alegando que ela estava com “febre”. Casos como esse, embora raros, consomem tempo e recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), que já enfrenta desafios como superlotação e filas longas. Em 2024, o SUS realizou mais de 400 milhões de atendimentos de urgência, e cada minuto conta em emergências reais.

Profissionais de saúde relatam dificuldades em lidar com essas situações. A triagem de um caso envolvendo uma boneca pode levar até 30 minutos, o dobro do tempo médio, devido à necessidade de diálogo sensível com o cuidador. Gestores de UPAs pedem diretrizes claras para evitar atrasos no atendimento de pacientes com condições graves.

Unidade de saúde pública no Brasil

Propostas Legislativas: Multas, Apoio Psicológico e Mais

A polêmica chegou ao Legislativo, com projetos de lei em estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Alagoas, além de iniciativas no Congresso Nacional. Aqui estão as principais propostas:

  • Proibição de Atendimento no SUS: O deputado Cristiano Caporezzo (PL-MG) protocolou o PL 3.757/2025, que veta o atendimento de bonecas reborn em unidades públicas de saúde em Minas Gerais. A multa para infratores pode chegar a dez vezes o valor do serviço prestado, destinada a programas de saúde mental. O projeto foi motivado por casos como o da mulher que buscou atendimento para uma boneca com “febre”.
  • Apoio Psicológico: No Rio de Janeiro, o deputado Rodrigo Amorim (União) propôs o PL 5357/2025, que cria um programa de saúde mental para pessoas com vínculos emocionais intensos com reborns. O objetivo é prevenir depressão e dependência afetiva, com equipes de psicólogos e terapeutas.
  • Multas por Benefícios Indevidos: Na Câmara dos Deputados, o deputado Zacharias Calil (União-GO) apresentou um projeto que prevê multas de até R$ 30.360 para quem usar reborns para obter benefícios, como filas preferenciais ou assentos especiais. O dinheiro arrecadado iria para fundos de proteção à infância.
  • Dia da Cegonha Reborn: Aprovado no Rio de Janeiro, o projeto do vereador Vitor Hugo (MDB) institui o Dia da Cegonha Reborn em 4 de setembro, homenageando as artesãs. A proposta aguarda sanção do prefeito Eduardo Paes.

Essas iniciativas refletem a tentativa de equilibrar liberdade individual, saúde pública e responsabilidade administrativa. No entanto, dividem opiniões: enquanto alguns defendem a regulamentação para proteger o SUS, outros veem as propostas como estigmatizantes, especialmente para quem usa reborns de forma terapêutica.

Bebês Reborn e Crianças: É Adequado?

Com preços variando de R$ 750 a R$ 9.500, os bebês reborn deixaram de ser exclusivos de colecionadores e entraram no mercado infantil. Bonecas mais acessíveis, feitas de vinil, são agora vendidas como brinquedos. Isso levanta preocupações sobre o impacto no desenvolvimento das crianças, especialmente na capacidade de distinguir fantasia de realidade.

Educadores sugerem que, para crianças, brincar com bonecas menos realistas pode estimular mais a imaginação, enquanto o hiper-realismo dos reborns pode gerar confusão. Ainda não há estudos conclusivos, mas o debate está apenas começando.

Qual o Futuro dos Bebês Reborn?

Os bebês reborn são mais do que bonecas: são um reflexo das complexidades humanas, do desejo de conexão e das tensões entre afeto e realidade. Enquanto a sociedade brasileira debate seu lugar, as propostas legislativas tentam encontrar um equilíbrio entre acolhimento e limites. Você já conhecia essa polêmica? Acha que os reborns são apenas uma expressão de carinho ou um sinal de algo maior?

Compartilhe sua opinião nos comentários e continue acompanhando para mais conteúdos sobre temas que estão movimentando o Brasil!